31 de dez. de 2010

2010 - Uma vida em um ano

Mamãe lavou meu body branco para o reveillon. Vô Boli acha que é um dia como outro qualquer. Já minha mãe falou que pode ser uma boa chance para fazermos planos, festas e retrospectivas. Minha vida inteira foi em 2010: um ano intenso de muitos cabelos, penteados e emoções. Aproveitando a data redonda, selecionei os 10 fatos marcantes:



1 - Nascer: Vocês não podem imaginar que loucura é nascer.Até então, eu até achava que o mundo era assim: um lugar molhado, quentinho e meio barulhento (principalmente quando a mamãe encontrava a dinda Déa) onde eu poderia passar a eternidade comendo meu dedão do pé. Não esperava mais nada muito novo quando, de repente, sem me avisarem, abriram uma portinha e me puxaram. Rapaz, uma luz danada de forte apareceu! Fiquei ceguetinha! Meu pai gritava "Casaca, casaca", um japonês gritava "Foooogo" e mamãe "MEEEEEENGO". Só que todo mundo chorava. Aí chorei também, né?! Povo doido...E veio o segundo fato.

2 - Mamar: Não foi fácil. Eu e mamãe unimos força e paciência para que esse encontro pudesse acontecer. Muitas idas e vindas, muitas tentativas. Mas devo confessar que está entre as coisas boas dessa vida. E ainda rola um chamego com a mamãe. Cheguei até a tentar outros peitos mas senti que as minhas tias ficam meio sem graça.
3 – Ajustes na saída. Como tudo que entra tem que sair, aprender a digerir foi uma grande conquista. Quando tudo funciona bem nessa área, a pele e o humor ficam ótimos. Meus problemas não foram grandes nessa área mas meu pai contou que existe toda uma linha na indústria de alimentos para apoiar as pessoas com questões como essa. Espero não precisar.
4 – Viajar: Coisa louca! Entra-se num carro e mora-se uns dias em outra casa. Mas é bom! Tia Sheila ama e um dia vou à Islândia com ela. Parece que terei que levar muitos casacos.
5 – Sentar: Eu acreditava que a coisa mais linda do mundo era o ventilador de teto. Mas a vida anda e a gente muda porque eu consegui sentar e um novo mundo se abriu para mim. Ventilador é bonito sim mas o mundo visto de frente é cheio de surpresas.
6 – Falar: Venho tentando. Por enquanto, meu repertório é nhém-nhém, pá-pá, uô-uô, mã (cada vez mais raro), algumas tentativas de consoantes...Esse negócio não é tão fácil mas pretendo aprender com as Tias Lulus que são verdadeiras craques nessa área.
7 – Comer: Coisa de louco! Preferências: banana, água de côco, inhame. Mas dizem que, se temperarem direitinho, como um prato de brita numa boa. Não sei o que é brita. Será que é bom?
8 – Conhecer o mar: Fui 3 vezes. Ainda não consegui olhar tudo. Da última vez, dinda Bela e mamãe cantaram Visgo comigo bem pertinho do mar. Tenho medo, me agarro todo nos meus pais. Mas acho lindo. E venho tentando muito pegar o morro Dois Irmãos. É difícil.

9 – Amar e ser amado: melhor coisa de estar fora da barriga. Antes já era bom porque sentia o amor da minha mãe e do meu pai mas descobri uma avalanche de amor quando saí de lá. Conheci o significado de palavras novas como amigos e família e descobri que isso é melhor que mar+inhame+ventilador. Venho aprendendo a beijar e abraçar. Acho uma delícia. Queridos tios, avós e amigos, às vezes sinto que perco a noção da força mas peço que me ajudem a equilibrar essa vontade danada que tenho de chamegar. Letycia, Sofia e Luíza, me desculpem os excessos.
10 – Dentes: Quando eu achava que a vida era só felicidade, apareceram os dentes. Sei que serão úteis mas, por enquanto, só posso dizer uma coisa: admiro esse cara abaixo. Dente dói.
Feliz 2011

18 de dez. de 2010

O hábito é o pai da tradição

Eu ainda era um bebê e comecei a acompanhar os meus pais nas saidinhas de sábado pela manhã. Eu tinha 4 meses e já tinha ficado careca quando fomos ao Columbia. Eu observei bem o movimento enquanto os meus pais tomavam um choppinho e comiam um galeto. Olha, nessa época ainda nem sonhava comer uma maçã ou uma carninha mas o cheiro do galeto já me pareceu maravilhoso.
Sobre chopp, o que eu tenho a dizer é que é um líquido muito bonito. Mamãe prefere os escuros. Papai gosta dos dourados. Acho engraçado porque eles tomam um primeiro gole devagar e dizem "hummmmm, geladinho". Deve ser bom. Por enquanto, prefiro leite. Até porque, quando eu tentei pegar a tulipa, mamãe foi firme "bisneto do Vô Barbosa e neto do vô Boli não pode brincar com bebida." Mais uma vez, fiquei sem entender a brincadeira.


 No mês seguinte, já com um pouco mais de cabelo, eu conheci um lugar que eu adoro - o Salete. Ele é tão velho que nasceu muito antes dos meus pais!
Para mim, já é tradição: aos sábados, depois de muita brincadeira na pracinha, a gente vai ao Salete. Meus pais preferem chopp e empadinha (dizem que é um clássico). Já eu fico com um suco de frutas ou um purê de maçã. Cheguei até a pensar em dar um toque no garçom para eles incluírem no cardápio.

De tanto ir lá, os garçons já estão mais simpáticos comigo. Também venho conversando com uns colegas mais velhos, gente bacana de cabelos de algodão e sorriso fácil.
E, mesmo com apenas 8 meses e com muita curiosidade pelo novo, já posso dizer: às vezes é melhor ficar com os clássicos.